Òrìsà Òrìsàlàs 

 

Òrísàlàs – Òbátálà/ Oduduwa 

 

O grupo dos Òsálàs velhos

Obàtálá, também chamado Òrísàlá, Obàrìsà, Oba Igbo ou Baba Igbo, é o mais velho de todos os Osalá, o gran-de rei branco, raiz de todos os outros Oxalá, o mais poderoso, pai dos deuses e dos homens, pai em particular de Òsàlúfón, que por sua vez é o pai de Òsógyìan. Tão grande e tão poderoso é Obàtálá que ele não se manifesta, suas palavras transformam-se, imediatamente em realidade. Como vimos, ele criou, todos os seres vivos e moldou o homem, como ainda o salvou quando o oceano furioso contra a humanidade, que não lhe rendia o culto que lhe devia, tentou, destruí-la inundando a terra,muitos pereceram afogados, mas Òbàtálá interveio ainda em tempo, conseguindo salvar a maioria, e obrigou Olokun a retirar-se para seu palácio onde o amarrou com sete cadeias de ferro.
Òbàtálá representa a massa de ar e águas frias e imóveis, dos começos, è o deus do mistério da cabaça. Como deus da criação lê controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos que preside as nascimento, á iniciação, e a morte. O branco é a sua cor, simbolizado pelo Atalá, o grande pano branco que representa o ser imóvel e indiferenciado que contém potencialmente o poder da criação por esta razão, é tido como responsável pelos defeitos físicos.
O próprio Òbàtálá é alías é corcunda porque se recusou a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e foi castigado por Exu que lhe pregou a cabaça nas costas, a corcunda evoca ao mesmo tempo a cabaça, matriz cósmica e a velhice.
Pela mesma razão Òbàtálá não pode comer sal. Na realidade o sal da força em particular a palavra,ao sopro, representa apropria essência de Òbàtálá, e comer sal constituiria para ele um ato de auto-canibalismo.
Òbàtálá deu a palavra ao homem, e durante as festas de Oxalá não se deve falar, ‘durante três semanas tudo é silêncio pois a palavra e dele. Explica-se do mesmo modo, a proibição feita a Òbàtalá, e a Òbàtálá, e a todos os Orixás em geral, de tomar cachaça liquido excitante e branco carregado de poder fecundante.
Osàl`fón é o grande Oxalá de muito fundamento, temido e cujas decisões são irrevogáveis, o pai de todos os deuses patrono da procriação e da fecundidade, o senhor da chuva associado, na qualidade de filho de Òlórun, O Nosso Senhor do Bonfim, filho de Deus cristão.Òrìsàlúfon, ou Òrìsà Òsólufòn foi um velho guerreiro que muito viajou e lutou muito, dizem em Ifon que ele era filho de Odùduwa (O herói masculino), e que cansado da vida, resolveu desaparecer da terra, em Ifé transformando-se em Òrìsà. Em Ilesa, passa por antepassado da mãe do rei, teria vindo de Ifon, e teria sido pai de Òsógyìan. Conhecidíssimo é o mito que conta a longa viagem que empreendeu para visitar seu amigo Xangô, e sua volta para o palácio do filho, Òsógyìan que festejou o acontecimento com um banquete.
Impotente, aleijado pela idade avançada e por ter ficado, sete anos na cadeia, Òsàlùfón dança curvado como um estropiado. No Alakétu, na festa de Òsálà do dia primeiro de janeiro, Òsàlúfón, o grande Oxalá, aparece coberto pelo álá; a passagem do ano é associada à ritualização da criação do mundo. Mas no Asé as festas de Oxalá, ditas festas dos inhames, nas quais é repetida a gênese, realizam-se em Setembro, e não no inicio do ano ocidental. Uma das particularidades de Òsàlùfón é seu ódio por cavalos animal por causa qual foi preso e encarcerado durante sete anos.
Do ponto de vista do tipo físico o tipo Oxalá velho è freqüentemente afetado por alguma deficiência mais ou menos grave, ou algum defeito de nascença ou adquirido; aleijados, mancos, corcundas, caolhos são lhe consagrados. Os filhos de Òbàtálá, entretanto, não são obrigatoriamente defeituosos fisicamente, já que a relação com o orixá pode estabelecer-se, igualmente por outras razões. De qualquer forma será um tipo frágil, delicado, friorento, sujeito a constantes resfriados. Esta fragilidade evoca a leveza do ar assim como a antiguidade de Òbàtálá. Presença discreta, ele não procura impor-se, sua simplicidade nota-se nos seus gestos, no seu modo de vestir-se; Obàtálá odeia excentricidades, esnobismo, e qualquer atitude que vise a chamar a atenção.
A característica psicológica mais notável do tipo Obàtálá é a sua inabalável calma, a sua tranqüilidade, a lenti-dão de suas reações emocionais, a coisa, mais difícil é conseguir pertubá-lo e irritá-lo, mas quando ofendido, sua cólera é terrível ele não perdoa nunca. Compense sua debilidade física por uma grande força moral, uma segurança que se funda no auto conhecimento e na consciência de sua força.
Inflexível, austero, não tolera imoralidade, desordem, nem, sobretudo violência, incorruptível, tem sede de perfeição moral e seu alvo é a realizar a condição humana no que tem de mais nobre. Busca a felicidade na reflexão silenciosa, na contemplação e na sociedade e na sabedoria, a felicidade pra ele consiste em racionais sobre o mundo que ele concebe claramente. O tipo Obàtálá é um tipo casto e fiel no amor como na amizade, leva uma vida austera quando não de completa abstinência. Afastado do mundo e das paixões e dos instintos, transparente e sereno, está igualmente desligado dos interesses materiais.
Tem tendência para o ascetismo e, freqüentemente adere a regimes vegetarianos, pacifista convicto, homem integro e sincero, de sensibilidade obtida paternal, tolerante sabe acolher a todos, não nega seu apoio a ninguém e, sabe consolar, avisar, aconselhar, altruísta, generoso, sua porta está sempre aberta e sua casa cheia de amigos.
Mas permanece, no entanto distante, e não se dá inteiramente a ninguém.
Dentro do grupo dos orixás velhos, algumas entidades distinguem-se do tipo geral por um ou outro traço especifico:
Òsafúru é especialmente indolente, indiferente, apático e taciturno.
Osalúfón mostra-se apegado ao passado, á respeitabilidade. È organizado e pontual ao extremo, mas afável.
Olúwifin tem espírito perspicaz e sutil. Conhece o homem e raramente se engana. È um tipo lento, sereno e seguro, de grande vida interior.
Baba Ajale é um tipo concentrado, seguro, perseverante, falta-lhe calor e espontaneidade, mas é profundo, constante, lógico, ponderado.
Òrìsà Lalú possui uma cabaça exageradamente volumosa.
Òrìsà Okin é o senhor do pássaro Òkin.

 

 

 O tipo Odúdúwa
Odùduwá aparece no candomblé como qualidade de Orixá, e assim como Òbàtálá, não se manifesta Poe ser muito poderosa e temida, è invocada por ocasião das festas de Sòngó, antes de !bátálá e nas festas públicas a última roda é para ela.
Odùduwa é feita entretanto com três gotas de azeite, e o azeite não é proibido a seus filhos.

“Então minha gente, vamos ou não vamos cantar para Òdúduwá dizia no Bogun a quase centenária runho Valentina quando passado da meia-noite, queria encerrar a cerimônia enquanto que o pessoal insistia em fazer dançar ainda um santo vistoso. Odùduwá,divindade feminina, esposa de Òbàtálá, corresponde a metade inferior da cabaça, associada à lama dos começos da terra à lama dos começos da terra
Invocam, sobretudo a idéia de algo quente r seco, e ela deve ser refrescada e molhada para tornar-se fértil tal é o sentido as cerimônias chamadas precisamente “águas de Òsálà” que começam, anualmente, na última, sexta-feira de setembro com a procissão que vai buscar em potes, à fonte, a água que será derramada sobre o assento de Oxalá. Se Òbàtálá, divindade masculina, criou os seres vivos, Òdùduwa, divindade feminina criou a matéira de onde surgiria a vida. Na sua qualidades de divindade da criação e da cabaça, Òdùduwa é como Òbàtálá uma divindade funfun, e suas sacerdotisas vestem-se de branco,porém, como divindade feminina ligada à terra, à água e às funções de reprodução, ela se relaciona igualmente com o azul escuro e com o vermelho. A mitologia, evocando um tempo em que as mulheres governavam, nos revela que Òdùduwa havia recebido de òlódùmarè o poder dos orixás, representado por um pássaro e uma cabaça símbolo do universo. Tornou-se senhora do mundo e governou-se. Abusou, porém, do poder e Òlódùmaré retirou-lhe a autoridade para confia-la a Obàtálá.
Odùduwa comanda as mulheres, controla a fisiologia feminina, a menstruação, a reprodução, a fecundação.
È chamada Iyá Agba, a grande mãe. Dela é o porco animal que da muitas crias. É o orixá que dá longa vida. Ao contrário dos outros Oxalá, Odùduwa não tem èèwo de azeite, inclusive seu assento leva três gota de dendê,”é um santo muito forte”.
Odùduwa está associado à cegueira, a várias versões mítica explicam a razão pela qual ela é cega. Uma delas conta que Òbàtálá lhe arrancou os olhos quando estavam ambos aprisionados na cabaça, porque ela não parava de falar e de reclamar( o que confirma por outro lado que a fala e a vista dependem de Òbàtálá) outras dizem que não se pode fita-la sem ficar cego ou ainda que não se pode abrir a cabaça sem morrer.
Òdùduwa é irritável, astuta, hipócrita, aproveita qualquer pretexto para julgar-se ofendida, institui, èèwó sem revela-los para poder justificar sua agressividade. A prosperidade ostensiva, a fecundidade, a saúde, a beleza ofendem-na e são motivos para provocar sua vingança. A pimenta vermelha, atare ou pimenta da costa pertence-lhe, mas constitui um èèwó tanto para ela como para suas filhas pela mesma razão pela qual o sal é proibido a Òbàt’lá. Pertence-lhe ainda o feijão vermelho, Òduduwa é uma divindade exigente que não perdoa negligências, notadamente quando se trata do cumprimento de pactos, promessas ou de obrigações religiosas.
Do ponto de vista físico, o tipo Odùduwa não é muito melhor aquinhoado que o tipo Obàtálá: os cegos em particular são filhos de Òdùdùwa. Geralmente eles são magros, franzinos, nervosos e secos como a terra. Aparentam geralmente mais do que sua idade real, mas são robustos e têm vida longa.
Mas ao oposto de Òbàtálá Òduduwa é violenta e agressiva desiludida pela vida que não correspondeu a seus anseios, ela tenta reprimir seus desejos, renunciando em aparência à ambição e aos prazeres que afeta desdenhar, è fechada, profundamente insegura e angustiada tornando-se às vezes extremamente suscetível, impaciente, intolerante, desconfiada. Para fugir do sentimento de frustração que lhe causa a existência estreita e medíocre que leva, pode criar um mundo de proibição de manias e obsessões. Outras vezes, invejosa, vingativa, ela persegue aqueles cuja felicidade ou cujo êxito é para ela uma afronta. De certa forma, ela projeta-nos outros o desprezo que tem por si própria e seus sentimentos de inferioridade que a levam a exigir insaciavelmente constantes atenções, repetidos elogios.
È um ser dividido, insatisfeito, mal equilibrado, e por alguns aspectos, um negativo do tipo Òbàtálá.
Odùduwa tem rígidos princípios morais, mas sua conduta sexual os contradiz, sua insegurança a leva a multiplicar as conquistas amorosas e as aventuras, necessita ser amada e admirada por todos.
Ela sabe, através de suas intrigas manipular os outros. Toda sua força reside em sua inteligência, é dotada de espírito curioso e inquieto, de senso critico e de ironia ferina. Representa um tipo dominador, autoritário em seu comportamento social, no trabalho, ela é exigente e perfeccionista disciplinada, minuciosa.


O tipo Ifá
Ifá, o oráculo africano, deus do destino, também aparece no candomblé como qualidade de Oxalá uma das três principais, constituindo com Òbàtàlá `sua esquerda, a trindade do panteão nagô. Ifá também chamado Olù Orogbo.
Ela, Òrùmilá, tria sido encarregado de estabelecer a ordem no mundo, de separar os elementos, e de instituir a pa entre os homens.
È o dono das nozes que revelam a vontade dos deuses, o senhor da adivinhação que exprime a palavra do criador, Ifá, na qualidade de dono das nozes, relaciona-se com a palmeira, árvore de Òsálà, sabe-se que as mulheres e não podem ser sacerdotisas de Ifá, em virtude da relação deste último coma palmeira e com o princípio masculino. Ifá passa de pai para filho, mas ele não se manifesta. A adivinhação pelo òpèlè praticamente desapareceu de Salvador, e só restam hoje alguns exemplares piedosamente conservados. Na África, uma das mulheres do Bàbáláwò, (ou algumas vezes um garoto, o apetebi) tinha a autorização de praticar a adivinhação com os búzios, mas obrigada a submeter-se a rigorosa abstinência sexual. Ainda hoje, Mãe Menininha diz que a mulher não pode tocar as nozes de Ifá, pois, do contrário, não teria homem. Ifá é amigo dos homens imparcial, sempre diz a verdade e não favorece ninguém.
Sob o aspecto da constituição física, o tipo Ifá é mais favorecido que os precedentes, embora não sendo muito vigoroso,pode apresentar algumas deformidades e anomalias,em particular caroços sobretudo na cabeça, que são sua marca inconfundível. Mas é esbelto e alto, não lhe faltam a elegância nem a graça, sendo modesto e despretensioso.
Do ponto de vista psicológico, não difere muito do tipo Obátálá/Osàlúfon, embora mais realista e menos desligado de seus interesses materiais. È um caráter apolíneo, amável, equilibrado, harmoniosos, que se distingue pela medida, a doçura.
Espírito aberto, culto, inteligente, lúcido, gosta das idéias claras, das visões amplas é menos contemplativa que o tipo Òbàtálá, mais atuantes e mais participantes. Tem senso prático, sangue frio e jamais se irrita ou perde a calma. Essencialmente acional as grandes paixões não o alteram. Tem o mesmo desejo de perfeição e de pureza que Òbàtálá, mas consegue conciliar a espiritualidade e o senso prático.
Sua vida amorosa é estável, harmoniosa, não conhece grandes paixões mas é capaz de um sólido e profundo. Ifá é como Òbàtálá, um conselheiro, um confidente, talvez mais flexível e indulgente. É
Um homem honesto e sincero, que sempre diz a verdade mesmo que desagradável e não engana ninguém. Um homem justo e imparcial. Um grande amigo, uma pessoa de inteira confiança. Como Òbàtálá, é um pacifista convicto, procura sempre estabelecer a harmonia, torno de si, resolvendo litígios, reconciliando os inimigos, elequente, hábil e diplomata sabe argumentar e convencer.


O tipo Òsàgíyán:

Òrìsà Kire e Orixá popo, Òsógyìan (Òrìsà Òsógyìan ou Òsà Ògíyan) é filho de Òs1àlúfón, também chamado Ajaguna, Elemesso, Akinjole, Elejigbo.
Òsógyìan é um Oxalá jovem, guerreio, briguento e combativo e não perde uma oportunidade de lutar contra Omolú, ou contra Sàngó. Omolú, provocando-o declara que comera todos os filhos de Òsógyìan, deixando apenas os ossos, parte branca que pertence a Oxalá, Òsógyìan retruca que em represália, comerá todos os filhos de Omolú, inclusive os ossos, pois tudo retorna ao òrún.
Por ocasião do Lorogun, com o qual se encerra o ano litúrgico, Òsógyìan combate no batalhão de Oxalá contra o batalhão de Sàngó, o que parece representar uma briga dos Òrìsà funfun contra as outras divindades.
Òsógyìan é também um rei majestoso “coroado de segui” valente, viril, Òsógyìan é um Oxalá autorizado a enfeitar seus colares brancos com as pedras azuis chamadas segi e sua roupa branca pode às até levar uma franja vermelha.
Òsàgìyán está ligado ao culto do irokó e dos espíritos, assim como a fertilidade e ao culto dos inhames.
“ELEMESSO A SO ALOWO SO ABI OMO”  (“Elemesso dá riqueza e filhos”)
Ele recebe seu pai Òsàlúfon, nos últimos dias das festas de Oxalá, oferecendo-lhe um banquete durante a qual é servido inhame amassado no pilão e as vezes ele leva um pilão na mão.
“PANKORO ELEBO TI SE ODO’
“EM SILÊNCIO ELE AMASSA O INHAME SECO NO PILÃO”
Òsàgiyan seria Elejigbo, filho de Orixá Òlùfón dizem em Ejogbo que quando Òronìyan, segundo Oní de Ifè avançou contra Meca e fundou ÒYÓ acompanharam-no vários os membros de sua família, entre os quais Akinjole filho de Ògìriniyán, o filho mais novo de Òdùduwa.
Akinjole fundou Ejigbo, ele era geralmente chamado pelo nome de Òsógyìan, e era responsável pelo Òrìsà de seu pai Òrìsà Òsógyìan. Foi um guerreiro valente que depois de muitos combates desapareceu debaixo da terra e transformou-se em pedra.
O tipo Òsógyìan é habitualmente alto e robusto, seu porte é majestoso, seu olhar ao mesmo tempo altivo e travesso. Ao contrário dos tipos precedentes, não despreza o sexo, mostra-se galante e muito amigo das mulheres, mas cultiva sobretudo o amor-amizade ou o amor livre.
O tipo Òs`gì`yán é alegre gosta profundamente da vida, revelando-se freqüentemente irônico malicioso, falador e brincalhão. Ao mesmo tempo é um idealista que defende os injustiçados, dedica-se às belas causas, é nobre cavalheiro que socorre os fracos e os oprimidos.
Orgulhoso, sedento de aventuras e de feitos gloriosos, nunca se dá por vencido. Pode tronar-se às vezes uma espécie de D. Quixote.
Òsógyìan tem a intuição do futuro, dizem que ele á a nascente e Òsàlúfon o poente. Seu pensamento freqüentemente original, antecipa o de sua época, espírito brilhante dotado de grande facilidade de argumentação é um progressista que incansavelmente combate para a justiça e para a verdade.
Quando rico é generoso e até pródigo. Embora guerreiro, não é agressivo e nem brutal.